qualquer coisa
num verso intitulado mal secreto
 

26.4.10


[1:21 AM]

Um fim de semana farto em filmes, portanto, um parágrafo para cada um e muito mais para quem me encontrar no ponto de ônibus e quiser bater um papo sobre qualquer coisa:


Um Homem Sério, de Ethan e Joel Coen – A visão mais sombria atribuída à sociedade norte-americana atualmente transparece através do refinamento narrativo dos irmãos Coen, num filme de caráter autobiográfico, bastante pessoal, em que a cultura judaica direciona a ação das pessoas numa luta ferrenha contra os acasos da vida. Tudo é calculadamente planejado e favorece o naturalismo cênico que os irmãos conseguem aprimorar cada vez mais – até a posição do pé do protagonista, em determinada cena, parece estar descrita no roteiro. Em vários momentos, o filme alça vôo e vai longe, principalmente no prólogo e na sequência final, um poderoso golpe de esquerda ao som de Jefferson Airplane. Dizem que o humor é negro, mas já há um bom tempo que os filmes da dupla me provocam um riso desconfortável, amargo, a ponto de sumir rapidamente e dar lugar ao vazio e à reflexão. A América está desencontrada, a conduta moral de seus habitantes é diariamente colocada à prova, contas se acumulam na porta com a mesma velocidade com quem antigas máscaras caem, e, se olharmos pela janela, veremos que um tufão se aproxima violentamente - a hard rain's a-gonna fall?

O Diabo, Provavelmente, de Robert Bresson – “Sou a recusa de todas as políticas”, diz, num rompante paradoxal, o personagem principal deste que é o filme mais político de Bresson (mais até que O Processo de Joana D'Arc). Se tudo o que fazemos na vida, qualquer direcionamento ou decisão que tomamos, é por si só um ato político, pode-se dizer que a radicalização de diversas obsessões que deram forma à carreira do cineasta francês ganham corpo neste filme questionador, que debate, toma partido e se manifesta deliberadamente sobre questões pontuais ao homem, para no final não eximir ninguém da culpa de viver. Quando um passageiro do ônibus pergunta quem é que causa tantos tormentos à humanidade, Bresson ainda debocha ao responder quase cinicamente com a expressão que dá título ao filme.

Alice no País das Maravilhas, de Tim Burton – O que esperar de uma adaptação com potencial para sugestões lisérgicas e ousadas capitaneada pelos estúdios Disney? Simples: um filme para agradar toda a família. Para isso, chame um cineasta de personalidade, mas subtraia dele toda sua autoralidade, seu percentual de exposição a riscos, sua veia criativa e entregue o filme na mão de especialistas em efeitos especiais e a uma roteirista careta e pronto!, é só esperar o tilintar de moedas caindo na conta. Burton saiu de Sweeney Todd, o mais atípico e sangrento filme de sua carreira, para mergulhar no buraco fantasioso de Lewis Carroll, um território que explora e domina com naturalidade desde seu segundo filme. Neste Alice, percebe-se claramente o desejo do estúdio de alinhar um estilo já firmado a uma série de padrões que impedem a consolidação de uma promessa que parecia ser certeira: é um filme que não fascina, cuja inegável beleza visual se estranha com a composição fria dos personagens e impede a fluência da emoção que existe naquele universo, evidenciando o embate entre as cores quentes do país das maravilhas e o universo soturno de Tim Burton, que trava as ambições da narrativa e, ao final, ainda tenta empurrar goela abaixo uma mensagem edificante. Quem diria, hein? Eu, que gosto do diretor, fiquei assaz decepcionado; já as crianças vão adorar (isso quem fala é minha irmã, aqui ao lado, por experiência própria, do alto de seus 8 anos). Em tempo: a Zahar colocou no mercado uma edição novinha e bem bonita de As Aventuras de Alice no País das Maravilhas e seu sucessor, Alice Através do Espelho, com ilustrações originais e capa dura, bem mais recomendável do que o filme.

Operação França, de William Friedkin – Um crime, mas só hoje fui apresentado ao policial que reforçou a porcentagem de filmaços que pintaram nos cinemas em 1971. Gosto particularmente da atmosfera que Friedkin consegue imprimir ao filme, de uma certa desorientação, de ruas frias, prontas para derrubar as certezas dos homens e enganá-los com suas artimanhas e peculiaridades. O silêncio, para isso, é importantíssimo – e Friedkin administra o espaço com a intimidade de quem muito viveu por ali -, pois desafia o barulho propagado por ideais próprios e inventados arbitrariamente com uma respiração ofegante que poucos de seus colegas conseguiram repetir (e do qual talvez Paul Greengrass seja o principal discípulo). É um jogo de gato e rato irretocável, com o timing mais acertado em termos de ritmo e decupagem que o cinema policial dos anos 70 alcançou. Sua continuação, transposta para a Europa e dirigida por John Frankenheimer, expande o horizonte de possibilidades de um filme de ação e propõe uma investigação psicológica do tira interpretado por Gene Hackman (que, após ter levado o Oscar de melhor ator pelo filme original, numa interpretação seca e viril, se permite uma dose histriônica de cinismo e humor coerentes com um personagem que atende pelo nome Popeye).


Viver e Morrer em L.A., de William Friedkin – Recheado de elementos que permitem configurá-lo como um produto típico de sua época, os anos 80, desde a trilha sonora até a caracterização de certos personagens, este é um filme, usando palavras do próprio Friedkin, “sobre um mundo falso”. E qual o sentido em viver num mundo em que o dinheiro, as pessoas, as relações e os sentimentos são contaminados e apontam para um individualismo desolador e cruel? Partindo de um roteiro engenhoso, que em momento algum soa esquemático ao situar os conflitos que movem suas personagens, Friedkin faz um mosaico pop, sanguinário e efervescente de um microcosmo da década perdida, que ainda conta com uma perseguição de carros ainda mais dinamitada do que a presente em seu mais famoso filme. Se na década passada seu Operação França alcançou níveis máximos de excelência, o mesmo pode-se dizer deste, que é visto por muitos como o seu melhor trabalho – pode até ser, o que não dá é para esquecer Possuídos, um dos maiores momentos cinematográficos da única década que ainda não acabou.

Alice, de Claude Chabrol - O cineasta de gelo mergulha no gênero fantástico para transformar a lúdica aventura de uma menina num pesadelo sufocante de uma mulher que abandona o casamento: o país das maravilhas vira um casarão antigo habitado por pessoas desconhecidas num mundo do qual pouco sabemos. A Alice francesa deixa o marido para trás e se refugia em um ambiente misterioso, intimidante, onde os símbolos da obra original tomam vida através de elementos que reforçam a paranoia e o terror imbutidos em passos desconhecidos. É uma bad trip pesada. E o truque de Chabrol para acentuar essa atmosfera é retirar, tanto do personagem como do espectador, qualquer tipo de referência que tencione a compreensão daquele universo. Nunca se sabe o que irá acontecer na sequência seguinte, e a forma de lidar com essa expectativa, sempre à distância, bem a seu modo, colabora para o desfecho sombrio e em pleno desacordo com o que nossos instintos humanitários fazem com que esperemos dele (ou seja, nem sempre a redenção é possível, baby).


E ainda: A Sombra da Forca, filme nervoso de Joseph Losey; O Padre e a Moça, a obra-prima de Joaquim Pedro de Andrade e O Castelo Cagliostro, animação do final dos anos setenta do mestre Hayao Miyazaki.



 


é isso aí, bicho

 

17.4.10


[2:36 AM]



Você está em casa, numa boa, comendo uma goiaba colhida diretamente do pé, com um copo de água gelado repousando ao lado, quando ouve na TV que novas páginas da Bíblia Sagrada foram encontradas por arqueólogos chineses no norte da África. Um outro testamento! Novos ensinamentos de Deus! Revelações divinas inéditas! Reza a lenda que os verdadeiros escritores da Bíblia, sabe-se lá por qual razão (uns dizem divergências estilísticas, outros ideológicas e um único não aceitou a grana que lhe foi oferecida pelos direitos de publicação), não aprovaram o acabamento final desse novo testamento e resolveram abandonar os originais depois de muita briga e várias taças de vinho derramadas. Foram séculos de esquecimento para tais manuscritos. Até o dia de hoje.

Ok, só queria tirar uma onda com a turma da religião, é tudo conversa fiada.


Mas a notícia é tão impactante quanto: ao preparar a remasterização de Exile On Main St., o álbum duplo que os Rolling Stones lançaram em 1972, foram encontradas gravações inéditas da época, sobras do álbum que acabaram ficando de fora e permaneceram em sono profundo até serem despertadas pela sugestão do tamanho das cifras que seus acordes trazem na estampa. Mil compactos no formato vinil foram prensados e serão vendidos em Londres a partir de hoje, souvenirs de luxo cujo valor será inestimável em pouco tempo.

O disco, a tradução do rock'n'roll e a síntese de tudo o que os Stones já haviam feito e ainda fariam, é daqueles para se ouvir no talo e de preferência em apneia.
Chegará às lojas em versão remasterizada dia 17 do próximo mês, mas uma das faixas, Plundered My Soul, foi liberada ontem e já está disponível para embalar nossas cervejas de sábado. Eu não duvidava que seria uma sonzeira, mais valiosa que qualquer nova linha da Bíblia que se possa encontrar por aí. Um cruzamento libidinoso entre duas guitarras, com o contraponto feminino bem próprio do soul e do gospel caros ao álbum ao vocal confessional e vigoroso de Jagger, que reclama por ter sido ludibriado ao ter sua alma saqueada - uma provocante e sensual Sympathy for the Devil às avessas?

Não sei. Só sei que o primeiro acorde da guitarra ressuscitou o clima de desordem no qual o álbum se organiza e foi o suficiente para eu ficar de joelhos e agradecer aos arqueólogos chineses por uma das mais valiosas descobertas dos últimos tempos. E mês que vem tem mais...

Plundered My Soul

Can you believe it? I've won more medals in this love game.
I’ve been resting on my laurels. I’m a bad loser. I’m a yard off my pace.
Mmmm… I smell rubber and I soon discovered that you’re gone for good.
My indiscretions made a bad impression. Guess I was misunderstood.

I thought you needed my loving, but it's my heart that you stole.
I thought you wanted my money, but you plundered my soul.
(Plundered my soul)

I started asking around but your friend's pretty lips were sealed.
I wrote a letter full of twaddle and tripe confessions about wounds that heal.
I heard some gossip, you've become an alcoholic, you’re dryin’ out.
So I phoned every clinic in the yellow pages, not a trace I found.

I thought you needed my loving, but it's my heart that you stole.
I thought you wanted my money, but you plundered my soul.
(You plundered my soul)

I hate quittin’ but I’m close to admittin’ I’m a sorry case.
But on quiet reflection, my sad rejections not a total disgrace.
But I do miss your quick repartee and the smile that lights up your face.
You'll be a hard act to follow. A bitter pill to swallow.
You'll be tough, oh you’re tough to replace.

I thought you wanted my loving, but it's my heart that you stole.
You were the trick up my sleeve. My ace in the hole.
I thought you wanted my money, but you plundered my soul.
Oh… plundered my soul.
Oh yeah!
(You plundered my soul)
You plundered my soul.
Yeah! Yeah!
(You plundered my soul)





 


é isso aí, bicho

 

16.4.10


[2:32 AM]

A moral de “Like a Rolling Stone” é de simplesmente ser a canção popular mais importante dos últimos 40 anos. Um divisor de águas, diferente de tudo o que havia sido feito até então. Sua influência, mesmo que indireta, será encontrada em diversas formas de expressões artísticas que nossos netos irão desfrutar. Lançada em junho de 1965, quando meu pai tinha pouco mais de um ano de idade, no disco Highway 61 Revisited, a mítica canção de Bob Dylan ganhou uma biografia que foi publicada no Brasil semana passada pela Companhia das Letras, intitulada Like a Rolling Stone – Bob Dylan na Encruzilhada. Quem se aventurou a desbravar o universo das estrofes e estradas descritas por Dylan foi o crítico norte-americano Greil Marcus, cabra dos bons, com uma vasta e pra lá de respeitável bagagem.

Toda música tem uma história. "Riacho Fundo", "Asa Branca", "Dancin’ Queen", "Satisfaction" e qualquer uma que você escolher. Basta um pouco de boa vontade e imaginação. Agora, pense aí: quantas delas são capazes de sustentar uma biografia escrita, cuja análise confere à canção ares de evento, de marco social, um catalisador de avanços comportamentais e libertações que reverberaram longe e balançaram estruturas, seja do formato da composição ou mesmo da própria noção de valores de um povo? Para Greil Marcus, provavelmente só há... uma.


E os argumentos que o cara utiliza para justificar sua tese dão conta de toda essa pretensão, tanto na contextualização do período sócio-político em que a canção surgiu como no impacto que seu atrevimento formal e ideológico causou.

Os Estados Unidos dos anos 60 eram um barril de pólvora prestes a explodir. A Guerra Fria comia solta e inflava o balão do combate nuclear que ameaçava o país como uma nuvem negra, John Kennedy havia sido assassinado pouco tempo após a crise dos mísseis em Cuba, e a segregação racial, ferida não cicatrizada dos tempos da luta entre as colônias, mostrava seu lado mais cruel enquanto Malcolm X levava 13 tiros e encerrava um capítulo decisivo da batalha pelos direitos civis. E não era só isso. Ainda tinha a Guerra do Vietnã, que dava seus primeiros passos ao tirar mais de três mil jovens de casa e mandá-los para o meio da selva asiática.

Era o solitário país do medo, numa época de paranoia em que as canções significavam mais do que um simples som emitido por ondas de rádio. Eram garrafas jogadas ao mar com um bilhete dentro, e não só precisavam como exigiam ser abertas e confrontadas por quem as ouvia. Bob Dylan não era visto como um cantor - as pessoas iam aos seus shows para ouvir o sermão da montanha, de olhos vidrados no palco, sem perder um suspiro sequer de uma mensagem cifrada que continha verdades e anseios de uma juventude ávida por se descobrir. E acabaram se descobrindo ali, no canto rouco e quase sempre em um só tom de um sujeito magrelo e esfarrapado de pouco mais de vinte anos de idade.

(Existe por aí uma fita cassete com uma gravação da banda vocal que eu tive na adolescência, sem instrumentos, apenas vozes, inconsciente mas diretamente influenciada pelas harmonias dos Beach Boys, só que sem a sofisticação destas. Posso assegurar que renderia um livro de umas 700 páginas e cujo conteúdo redefiniria diversos conceitos ocidentais já adquiridos, mas como a cópia permanece perdida – acredito ter sido roubada do banheiro dos fundos que eu usava como estúdio por algum fã lunático - o mundo se contentará com meus pobres textos)

E aí surgiu “Like a Rolling Stone”, devastadora, diferente de tudo o que já havia sido escrito, banhada por guitarras e teclados que alcançavam o ponto mais alto da estratosfera. Uma provocação metafórica, ousada, com o dobro do tamanho das canções que tocavam no rádio à época. “Ninguém havia realmente escrito canções antes, mesmo”, disse Dylan em 1966, um ano após o estouro de seu hino. Quando o rock falava sobre carros e garotas, “Like a Rolling Stone” veio decretar a falência moral de uma nação e desafiar seus habitantes a se encarar no espelho. Era difícil, indigesto, com um incômodo permanente, mas necessário. Uma música que propunha um duelo. Em meio a todo o caos que assola esse mundo, quem é você?, perguntava o refrão que parecia jorrar do rádio.

O livro do Greil Marcus se vale de uma veia poética para analisar os pormenores que compõem a galáxia dessa canção, desde o corpo de sua estrutura, passando pela função dos instrumentos e a força com que a voz e a interpretação de Dylan imprimem à violência de sua execução. Marcus vê “Like a Rolling Stone” como um organismo solto no ar, que antecedeu o próprio Dylan, mas cujos contornos foram captados por seu pensamento e sua caneta no longínquo ano de 1965. O autor confere à canção a aura de um estado de espírito, algo que nem sempre irá se adaptar às nossas vontades mas que estará sempre aí, vagando, feito um fantasma da eletricidade, de acordo com nossas necessidades.

É um livro apaixonado, em vários momentos viajante, mas que cumpre seu papel de sismógrafo ao registrar com um desejo de ficção os abalos sísmicos que quatro estrofes causaram em um mundo que procura ainda hoje os caminhos por onde seguir. Ao acentuar a força e o ímpeto de liberdade emanado pela canção, Marcus nota que nem mesmo o próprio Dylan foi capaz de traduzi-la, ou de captar a essência de seu significado, em diferentes períodos de sua vida. Ele está certo. Nunca cantada da mesma maneira, “Like a Rolling Stone” permanece sendo o objeto não identificado que continua pondo fogo em nossos apartamentos e derrubando as paredes ao redor.

Abaixo, dois momentos diferentes que exemplificam os níveis de fúria que podem ser encontrados dentro da canção. O primeiro data de 1965, no tradicional Newport Folk Festival, com um Dylan ainda desajeitado e intimidado, procurando através de becos apertados a maneira de afirmar o que cantava.



E aqui, provavelmente o maior momento do rock’n’roll. Se eu pudesse voltar no tempo e dispusesse de poucos minutos para presenciar, escolheria estar nesse concerto. A raiva e a vitalidade que fazem desta a apresentação definitiva de “Like a Rolling Stone” são impressionantes, de causar calafrios, ao mostrar um Dylan maníaco, alheio às suas funções, aos berros e completamente chapado, porém absolutamente senhor de si. Um poeta louco, flagrado no instante em que se lança ao palco em crise, alvo de flechas, rugindo ferozmente contra um mundo de surdos. Tanta selvageria não poderia exigir menos: finalmente ele havia conseguido se incorporar à canção.




 


é isso aí, bicho

 

 


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