qualquer coisa
num verso intitulado mal secreto
 

30.11.06


[2:55 PM]


Em 30 de novembro de 1969, a música 'Something', composta por George Harrison e inserida no disco Abbey Road, dos Beatles, era a mais tocada nas rádios inglesas. Na Flórida, em 30 de novembro de 1835, nascia meu xará Samuel Langhorne Clemens, mais conhecido pelo nome de Mark Twain. E em 1980, no mesmo dia 30 de novembro, o sonho de Nelson Sargento viraria pesadelo com a notícia da morte do grande sambista Cartola. E numa cidadezinha do interior de Minas Gerais, nesse mesmo dia às 11h e poucos minutos, minha mãe entrava em trabalho de parto e logo em seguida seu primeiro rebento, vulgo eu, vinha ao mundo. E pra coroar os 19 anos que se passaram desde aquela manhã, 'Sweet Virginia', dos Rolling Stones, música que mais simboliza amigos bêbados na praia assistindo ao crepúsculo do Deus-Maior. Um clássico.




 


é isso aí, bicho

 

7.11.06


[6:13 PM]

NOVEMBRO:

Persona (Ingmar Bergman /1966)
O cinema inquieto de Bergman, experimental, uma verdadeira profusão de imagens poderosas que transcendem de uma maneira quase sensorial, causando sensações diversas e interpretações múltiplas. Espetáculo.


Volver (Pedro Almodóvar /2006)
Sempre que um filme do espanhol entra em cartaz uma certeza vem à tona: as mulheres adoram Almodóvar e a recíproca é verdadeira. Teoria que explica-se devido ao incontável número de mulheres na sessão (grande maioria de oclinhos e cabelos modernos, até mesmo entre as mais vividas) para delírio do bloco masculino - sem contar com Penélope Cruz e seus decotes hipnotizantes - e das afins, e também pelo expressivo número de mulheres no elenco, mais uma vez bem trabalhado pelo diretor para transmitir as emoções na hora certa. Parece que o espanhol deixou de lado as boiolices anteriores (ao menos por um tempo) o que lhe fez bem, sendo ele um dos que melhor sabem tratar do universo feminino e o fazem com imenso louvor. O final poderia ter causado uma comoção maior caso ficasse em aberto, mas o resultado não decepciona, Almodóvar ainda faz cinema da melhor qualidade.

O Céu de Suely (Karim Aïnouz /2006)
Hermila é o retrato emblemático do gauche do poeta mineiro, o ser deslocado que a todo momento se pergunta o motivo da existência, de estar ali naquele lugar, de ser quem é, sem ao menos dizer uma palavra. E a divagação sobre tais condições refletem em suas atitudes, imorais quando vistas por uma sociedade conformada com a segregação e a miséria, porém justas e necessárias se analisadas como realização pessoal e profissional da personagem principal. O cinema de Aïnouz amadureceu bastante desde Madame Satã, seu primeiro e bom filme, tanto na estética como na condução do roteiro, mais um que retrata a condição arriscada dos inquietos. É provavelmente o que de melhor o cinema brasileiro produziu em 2006.

Touro Indomável (Martin Scorsese /1980)
É o embate de um homem e seus demônios, um homem que embora doutor de extraordinária força física padecia diante de seus incontáveis labirintos interiores, que o atormentavam e ocasionavam consequências duras, cuja solução estava a seu alcance mas o caminho para encontrá-la era tortuoso e escuro, caminho esse realçado pelo preto e branco adotado pelo diretor, numa sábia escolha. Provavelmente o melhor fruto da parceria De Niro/Scorsese (ainda me falta Caminhos Perigosos) com uma narrativa densa e por vezes agoniante, e certamente um dos melhores momentos do melhor momento da carreira de De Niro como ator é a cena na cadeia, onde os murros na parede socada por ele refletiram diretamente no meu estômago vazio.

A Época da Inocência (Martin Scorsese /1993)
Um trabalho técnico maravilhoso, todos os movimentos de câmera, os planos abertos realçando os ambientes estupendos recriados para contar uma história de amor e culpa na Nova York de fins do século 19. Apesar de um pouco lento, é um bom filme, com cores fortes, e vale pelo espetáculo que é de produção.

Cassino (Martin Scorsese /1995)
Can't you hear me knocking, fella? Pouco se fala deste filme talvez por ser um território já habitado outras vezes (e com méritos maiores) por Scorsese, mas aquela sábia filosofia popular de que em time que tá ganhando não se mexe cabe como uma luva neste caso. Didaticamente, é o retrato dos bons companheiros hoje em dia (mesmo o filme se passando nos 70's). Acusam-no de excessivo, longo e pedante, mas a verdade é que poucos fazem cinema de qualidade como o ítalo-americano falastrão.

Amarcord (Federico Fellini /1973)
Você chega a casa às 19h, conversa com a família, toma aquela ducha gelada, senta pra assistir ao jornal, come alguma coisa no jantar e depois lê um livro na cama até o sono chegar. E quando ele vêm traz consigo aquela enxurrada de imagens que representam alguma coisa mas ainda não sabemos o quê, por vezes repletas de lirismo, daquela poesia que o cotidiano sufocante diariamente abafa cuja falta é expressivamente maior que se imagina. Você não sabe mas falou durante toda a noite, sorriu, se emocionou, não teve a mínima vontade de acordar até o toque do despertador às 7h, anunciando o dia que começava lentamente, outra vez. Fellini.

Os Infiltrados (Martin Scorsese /2006)
Gimme Shelter, fella. Ver um filme do Scorsese já
é uma experiência renovadora, revitaliza os sentidos, é como um banho de cachoeira no calor, um filmaço dele então é quase o mesmo que sair de um coma expressivo (apesar de nunca ter estado em um) e foi o que aconteceu quando as luzes da sala se acenderam. Estava tão deslumbrado com o que tinha acabado de ver que meus instintos diziam que precisava matar alguém ali naquele cinema. Por sorte fui embora rápido, mas a sensação que fica na mente e que só cresce com o tempo é que Os Infiltrados é o seu filme da década. Scorsese lava a alma dos meros mortais com esse remake de atuações impecáveis, muitos cortes (quem diria!) e sangue, muito sangue, elemento fundamental de seu cinema e que há muito tempo não era tão vistoso como neste caso.

Vestida Para Matar (Brian De Palma /1982)
Mais uma homenagem a Hitchcock, mais uma vez um suspense de primeira linha, que, mesmo não empolgando como outros relevantes trabalhos do diretor, mostra toda a qualidade de De Palma para construir uma atmosfera de mistério, bem a seu estilo, com diversas referências ao mestre do suspense.

A História de Jimi Hendrix (Joe Boyd, John Head & Gary Weis /1973)
Geralmente documentários que se comprometem a relatar a vida de pessoas que marcaram e redefiniram as linhas da história despencam para o saudosismo e a rasgação de seda barata. Este aqui não é diferente, e a única razão da nota ser máxima é simplesmente o fato de que não há como discordar de que Jimi Hendrix é o maior guitarrista do rock desde seus primórdios. Aqui cabem todos os lugares comuns que marcam as descrições desse filme, com todos os superlativos a que têm direito. E no final, a sensação que fica é que Nelson Rodrigues, neste caso, estava redondamente enganado.

O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (Cao Hamburger /2006)
Ou até que enfim um bom filme
brasileiro desse ano. Deixe de lado toda falação (vejam só, até Juca Kfouri saiu derretido do cinema!) e vá ver um filme honesto, bem feito, com interpretações extremamente bem trabalhadas (ver todas aquelas crianças atuando com tamanha naturalidade é de louvar a equipe) mas não é um produto que venha a revolucionar o cinema brasileiro. É um balde de água e sabão no cenário, uma lavagem que expurga (e revolta) as organizações Boni e abre caminho para a melhoria e, conseqüentemente, a mudança.

Sonhos de Um Sedutor (Herbert Ross /1972)
Peça rara, esse Woody Allen. Vê-lo vendo Casablanca (inspiração mor do texto), logo na sequência de abertura deste filme já é de grande prazer. Foi aqui que começou a longa parceria com Diane Keaton, com todas as características que marcariam as trapalhadas sociais (e sexuais e intelectuais) do casal. Não sei porque seu nome não consta na direção (pode ser o medo do estúdio em deixar tamanha responsabilidade num sujeito novato no ramo) mas seus filmes subseqüentes se assemelham bastante a esse. Curtinho, pra ver com um largo sorriso no rosto.


Rogério Duprat - Vida de Músico (Pedro Vieira /2002)




 


é isso aí, bicho

 



[5:53 PM]


desde que o samba é samba

é assim




 


é isso aí, bicho

 

 


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