qualquer coisa
num verso intitulado mal secreto
 

30.6.08


[3:07 AM]

Três fragmentos de Johnny Guitar (Nicholas Ray, 1954) presentes em grandes momentos da literatura brasileira

- Uma das ferramentas utilizadas por Nicholas Ray para exteriorizar o emocional de seus personagens é a indumentária. Em várias cenas, as cores das roupas usadas por Joan Crawford e Mercedes McCambridge sinalizam marcas da tensão que atravessa o confronto entre as duas mulheres do Oeste. A mais emblemática de todas acontece já perto do final, quando o embate visual ocorre de maneira diametralmente oposta: Joan, de vestido branco, toca piano calmamente enquanto o mundo desaba à sua porta (em um momento belíssimo que sintetiza o filme), ao passo que McCambridge, recém-saída de um funeral, desfila com a morbidez de um pano preto, transcendendo assim os limites do conflito. A partir dessa particularidade, impossível não lembrar dos cínicos choques verbais entre Alaíde e Lúcia, as irmãs diabólicas e devidamente trajadas a rigor de Vestido de Noiva, peça de Nelson Rodrigues que também tinha a vestimenta como peça fundamental de sua narrativa.

- John Carradine, que interpreta o discreto funcionário do Saloon de Joan Crawford e se auto-intitula como “parte da mobília” do ambiente, está para morrer. Cercado de pistoleiros curiosos que o observam agonizar no centro de um círculo, confessa: “Todos estão olhando para mim. Pela primeira vez na vida me sinto importante”. E são estas suas últimas palavras, assim como são também similares ao derradeiro respiro reflexivo de Macabéa, a retirante indigente do romance A Hora da Estrela, de Clarice Lispector. Vivendo às margens da sociedade e destinada à tônica do esquecimento, só quando caída na rua após ser atropelada, estando assim no centro de atenção dos passantes, é que Macabéa realiza seu desejo de se tornar conhecida, de atingir sua tão esperada hora de estrela de cinema.

- Ninguém quer se responsabilizar pela morte de Joan Crawford, montada em um cavalo e com a corda no pescoço. O que falta é coragem aos pistoleiros para dar a chibatada que colocará o animal para correr e suspenderá o corpo da mulher no ar. “Não com uma mulher”, diz o delegado da cidade, fazendo coro aos demais que passaram a batata quente para o companheiro do lado. Até grana eles recusam, sob a alegação subentendida de que a mulher e a forca são como o sagrado e o profano, seres imiscíveis, e ninguém ousa colocar a honra em cheque tocando na ferida das heresias. Imediatamente a cena me remete às ruas do Recife, em 1825, e a sentença de enforcamento do Frei Caneca, que não se cumpre por falta de mãos que hesitam em puxar a corda. Recriada na prosa poética de João Cabral de Melo Neto em O Auto do Frade, a história do religioso que não encontra em nenhum carrasco, militar, presidiário e até mesmo em réus perpétuos (“diz que matar padre é morte que recai, veloz”) coragem para sua execução ecoa neste filme de Ray, com um desfecho inevitavelmente oposto mas com a mesma carga simbólica de significados.




 


é isso aí, bicho

 

26.6.08


[12:55 AM]

O reflexo da pós-modernidade no âmbito das artes é mesmo engraçado. Em vários segmentos há uma ânsia maluca movida a lampejos desconstrutivos, a transgressão formal acaba sendo requisito básico para que a arte seja reconhecida como reflexo do seu tempo e muitas vezes a essência do objeto se perde nessa busca desenfreada pela crise. Não é o caso de Boarding Gate, último filme do Olivier Assayas, que alcança o equilíbrio dentro de sua proposta subversiva e é o exemplo ideal para tratar desse confronto no qual se encontra a narrativa moderna. Claramente dividido em duas partes, o filme avança progressivamente na construção de personagens que pulsam nos extremos, alternando fúria e calma, lirismo e violência, paixão e ódio. Há, portanto, uma preocupação do diretor em inserir no drama das personagens a problemática do conceito formal: a oscilação é recorrente e se desdobra à medida em que a necessidade do deslocamento bate na porta. Depois da morte, a fuga. E depois dela, o desaparecimento. A cena final é ótima, assim como a atuação selvagem de Asia Argento (a mesma delícia de sempre, agora com menos roupa e em perfeita sintonia com o andamento do filme) e o uso do foco com viés de anulação na fotografia de Yorick Lê Saux. Inexplicamente não foi comprado por nenhuma distribuidora aqui no Brasil, sendo lançado diretamente em devedê no mês próximo. Não se deixem enganar pelo péssimo título nacional, é um filme de primeira e provavelmente um dos grandes do ano.

* * *

A certeza mais imediata que me ocorre após assistir Os Monstros de Babaloo é a de que o cinema brasileiro nunca foi tão divertido sob a ótica marginal que vigorava no início dos anos 70. Elyseu Visconti fez um filme que poderia muito bem ter sido realizado na Belair de Sganzerla e Bressane, já que se aproxima em vários aspectos do cinema realizado pelos dois pontas-de-lança do movimento, como a referência à chanchada, a visão crítica do Brasil, o ritmo ágil e a caracterização exagerada dos personagens além da abordagem debochada dos diálogos. Helena Ignez, no auge da beleza, dispensa comentários, assim como a participação da Tieta Betty Faria e da hilária Zezé Macedo. Agora, onde está o famoso plano-seqüência em que Wilza Carla devora duas latas de goiabada e uma de queijo minas de uma só vez? Cheguei ao filme através desse detalhe insólito e não o encontrei, será que o Canal Brasil fez as vezes da censura que proibiu a exibição pública do filme nos idos da ditadura?


Traição em Hong Kong (Boarding Gate, Olivier Assayas /2007)

Os Monstros de Babaloo (Elyseu Visconti /1971)




 


é isso aí, bicho

 

24.6.08


[5:58 PM]


Primeiras impressões sobre Fim dos Tempos, 37 minutos cravados após os créditos finais: não é novidade que Shyamalan continua filmando bem como sempre, obrigado, mas a debilidade de seus roteiros fica explícita a cada nova tentativa de impor uma solução original para um esquema de filme. Nesse caso, há uma ótima trama de horror que acaba sendo minimizada pela necessidade de construir uma história que sirva de conexão entre as cenas de suicídio. Ok, isso pode soar como mera desculpa para que o indiano encene mortes secas e chocantes fazendo jus às linhas que acompanham seu nome, mas talvez estaríamos diante de uma nova obra-prima se o cara tivesse culhões em assumir tal postura inconseqüente e se abstivesse de esquetes que gravitam em torno da importância da família, da união, etc. Toda a força que as seqüências de morbidez corroboram e instauram no andamento do filme (aquela chuva de homens é sensacional) são descartadas quando há uma preocupação em mostrar o romantismo apagado que permeia o casal de protagonistas. Aí não dá. À essa altura do campeonato brincar de incoerente sob a indulgência do filme B não cola.

Parecem existir dois caminhos a serem trilhados dentro do filme, dois lados diferentes de uma mesma moeda que precisam se equilibrar para que o acabamento final se dê de forma polida. No âmbito do terror, há uma narrativa que se desenvolve brilhantemente em toda sua climatização, na elaboração das situações, dos confrontos com a realidade do outro filme (as cenas de sustos, a velha, os enforcamentos) e até no uso da trilha sonora, mas quando os dilemas pessoais e de sobrevivência de Mark Wahlberg e família entram em cena a coisa desanda, o tom da história não se sustenta entre a comédia e o suspense e acaba por ficar preso em um local indeterminado, como um pêndulo que oscila para dois lados e não se decide por nenhum. Por enquanto, seu melhor continua sendo A Vila, mas há salvação para o cinema do indiano, graças à armação do desfecho e ao contrário do que este supõe, sendo o mais pessimista de todos seus filmes e o que mais me deixa animado para suas obras futuras.


Fim dos Tempos (The Happening, M. Night Shyamalan /2008)



 


é isso aí, bicho

 

18.6.08


[2:21 AM]

Sei que ninguém se interessa por isso, que os jogos da Eurocopa estão cada dia mais emocionantes, que a final da NBA provocou em mim o desejo de ser norte-americano por pelo menos uma noite, que o disco do Kanye West é um barato (e a participação do cara do Coldplay é melhor que o último disco deles inteiro) e que provavelmente nenhum de vocês assistirá ao jogo do Brasil, mas quero só fazer um post-scriptum curto em relação ao que cerca o evento de hoje à noite, em Beagá.

A questão é: se o Dunga cair, quem será o novo capacho do Ricardo Teixeira no comando da Seleção? Aposto minhas fichas que tal acontecimento não se dará após o jogo de logo mais, no Mineirão, com a Gal Costa cantando o Hino Nacional e a bandeira da Argentina acoplada ao brasão minimalista do estado de Minas Gerais. Espero que ao menos um empate salve a Seleção e seus jogadores de protagonizarem um episódio vergonhoso na história do nosso futebol, que é o de perder durante as Eliminatórias jogando em casa e diante de sua própria torcida. Dunga cairá depois das Olimpíadas, e ingrata será a tarefa de seu sucessor, que, além da necessidade básica de montar um grupo consistente e apto para a disputa – coisa que o atual não é, nem de longe, alô Josué, vai pra casa, filho! -, terá de se desdobrar para que suas mudanças reaproximem pouco a pouco o torcedor brasileiro do time, o espectador dos jogos diante da televisão e o bom futebol de nossos gramados. Que venha Muricy, com seu estilo conservador e retranqueiro, suas entrevistas mal-humoradas (quanto custa um sorriso a um técnico do Brasil? Estamos MUITO precisados, mesmo) mas com uma eficiência em campo que não vemos desde que o Felipão foi embora. Muricy não faz o jogo que eu gosto de ver, mas pelo menos o cara é eficiente, entende de futebol, de tática, de treino, ao contrário do Dunga, marinheiro de primeira viagem. Não deixa de ser triste ver que nunca a camisa brasileira esteve tão desmoralizada, quase vazia de significado. Eu, que sempre quis ser lateral-esquerdo da Seleção graças ao pênalti que o Baggio perdeu na final de 94, usei o jogo contra o Paraguai como pretexto para tirar um dos melhores cochilos dos últimos tempos. E ainda agradeci ao Cabañas por isso.

Hoje, o armador Leandrinho anunciou que não se juntará à equipe nacional de basquete durante os jogos Pré-Olímpicos, alegando contusão. Anderson Varejão e Nenê também estão com os dois pés praticamente fora do time, o que reserva ao Brasil o consolo de uma presença singela de honra durante os jogos, sem chance efetiva de disputa. Outro caso de descaso, pura e simplesmente vontade de não jogar. Perdeu-se o tesão em vestir a camisa brasileira, em ser reconhecido como jogador do Brasil, em amedrontar os adversários apenas com o brilho da camisa. Os jogadores dão a impressão de estar cumprindo hora extra sem receber pagamento, como se estivessem prestando um favor a um país que só acompanham através do telejornal. A curto prazo, sei que nada será feito enquanto os bolsos dos dirigentes continuarem cheios e as relações com os patrocinadores não sofrerem um impacto de expressividade sísmica. As turnês da Seleção mundo afora continuarão, o descaso com o futebol que acontece do lado de cá do Atlântico (vide a final da Copa do Brasil) se manterá em voga, e cada vez mais os jogadores se voltarão contra os interesses esportivos de sua pátria, que hoje só é representada e reconhecida através de seus passaportes.

Quis escrever algo sobre isso hoje, mesmo sem revisar ou pensar muito a respeito, depois de assistir ao último playoff da NBA, com o Boston Celtics dando um show de bola em cima do Lakers do Black Mamba Obama Kobe Bryant e se sagrando campeão da temporada 2008. Deu gosto ver o Celtics jogar, com raça, vontade, pregando a camisa ao corpo e transformando a quadra num autêntico campo de batalha. A Liga de Basquete Americana é um exemplo de organização a ser espelhado mundo afora em todo e qualquer tipo de esporte, tanto no planejamento quanto na execução de suas temporadas. A manifestação me ocorreu ao lembrar que Oscar Schmidt, o grande cestinha de toda a história das Olimpíadas, recusou a oferta de jogar na maior liga de basquete do mundo para servir à Seleção de seu país. Até 1992, se não me engano, a NBA não permitia que seus jogadores fossem aos Jogos Olímpicos representando seus respectivos países, atitude que só veio a ser retificada a partir do ano citado. Oscar, então, abriu mão do prestígio em solo americano e foi jogar na Itália, a fim de vestir desimpedido a camisa brasileira nos quatros anos seguintes, durante as Olimpíadas. As cores verde e amarela pesavam sim, como sempre o fizeram, mas a recompensa valia qualquer sacrifício. Como já não se fazem mais jogadores como antigamente, vamos ver o que será que será de nós hoje à noite.

P.S.: Promessa de comentário curto dá nisso.

P.S. 2: A verdade é que o Kanye West colocou o Coldplay ladeira abaixo com uma música apenas (como se precisasse mais do que isso). Não duvido que seja a trilha sonora desse mês nas academias da cidade, mas, em noite de decisão na NBA e dos negões de três metros de altura vestindo verde e branco, nada mais legal e mais justo que isso:

Kanye West - Homecoming (Ft. Chris Martin)




 


é isso aí, bicho

 

10.6.08


[4:47 PM]

Os 20 filmes que representam o melhor que o cinema produziu desde o ano 2000, para a votação da Liga dos Blogues Cinematográficos. É óbvio que as posições e os filmes mudarão daqui a no mínimo uma hora, mas como o papel precisa ser colocado na garrafa e lançado ao mar, no momento essas são as minhas escolhas:



1. Encontros e Desencontros (03) Sofia Coppola
2.
Embriagado de Amor (02) Paul Thomas Anderson
3.
Elefante (03) Gus Van Sant
4. A
Última Noite (02) Spike Lee
5.
Amantes Constantes (05) Philippe Garrel
6.
Kill Bill: Vol. 1 (03) Quentin Tarantino
7.
Jogo de Cena (07) Eduardo Coutinho
8.
Marcas da Violência (05) David Cronenberg
9.
Cidade dos Sonhos (01) David Lynch
10.
Antes do Pôr-do-Sol (04) Richard Linklater

11. Menina de Ouro (04) Clint Eastwood
12.
Os Excêntricos Tenenbaums (01) Wes Anderson
13.
Amor à Flor da Pele (00) Wong Kar-Wai
14.
Os Donos da Noite (07) James Gray
15.
Maria (07) Abel Ferrara
16.
Caché (05) Michael Haneke
17.
Em Busca da Vida (06) Jia Zhang-ke
18.
Onde os Fracos Não Têm Vez (07) Joel & Ethan Coen
19.
O Novo Mundo (05) Terrence Malick
20.
Medos Privados em Lugares Públicos (06) Alain Resnais




 


é isso aí, bicho

 

6.6.08


[9:30 PM]

Da série “Como iniciar um romance pegando o leitor pelo pescoço




"Segundo as primeiras informações, o antigo Mirador que servia de dormitório a Alejandra foi chaveado por dentro pela própria Alejandra. Logo após (embora, evidentemente, não seja possível precisar-se o lapso transcorrido) matou seu pai com quatro balaços de uma pistola 32. Por fim, espalhou gasolina e prendeu fogo.

Esta tragédia, que sacudiu Buenos Aires pelo relevo dessa velha família argentina, pareceu a princípio ser conseqüência de um súbito ataque de loucura. Agora, no entanto, um novo elemento de juízo alterou este esquema primitivo. Um estranho “Informe sobre Cegos”, que Fernando Vidal acabou de escrever na noite de sua morte, foi descoberto no apartamento que, com nome suposto, ocupava em Villa Devoto. É, conforme nossas referências, o manuscrito de um paranóico. No entanto, diz-se possível dele inferir certas interpretações que jogam luz sobre o crime e fazem com que a hipótese do ato de loucura ceda terreno ante uma hipótese mais tenebrosa. Se esta inferência é correta, também se explicaria por que Alejandra não se suicidou com uma das duas balas que restavam na pistola, optando por queimar-se viva."


Sobre Heróis e Tumbas, Ernesto Sábato, 1961.




 


é isso aí, bicho

 

2.6.08


[12:32 AM]

Aqueles dias em que você não consegue sentar em frente à televisão para sequer ver um episódio de um seriado qualquer, depois acaba se sentindo atacado pelo sacana do Parkinson quando tenta ler o livro três vezes renovado na biblioteca da faculdade e não consegue ficar mais de dois minutos parado, aí então você recorre ao acervo do Cinema Marginal e quando tudo parece certo como dois e dois surge aquela vontade louca de dar um tiro na cabeça do Mojica, desligar a televisão e dar uma golada violenta na garrafa do conhaque que só é usada em dia de strogonoff, sabe? Multiplique esses dias por 30 e entenda o motivo de seis míseros filmes no mês de maio e nenhum livro concluído. O problema é que o reflexo de toda essa inércia acontece nos momentos mais indevidos, me sinto o ser mais ignorante do universo durante essa abstinência de conhecimento e não consigo manter um papo por muito tempo, seja na internet ou numa mesa de bar. Não, não falo dos silêncios inconfortáveis propostos pelo Tarantino e que se fundamentam em outros casos que não esse aqui. No plano dos silêncios, talvez seja a falta de intimidade, o deslocamento social, o contato intimidante da pessoa, vários aspectos que não dizem respeito à restrições intelectuais. Não vejo filmes, não leio, olá ignorância, serei eu o único ser telepata nesse mundo de três tristes travestis?

Queria falar aqui que na mais feliz das coincidências acabei assistindo I’m Not There nos cinemas, após um esforço helênico de resistência contra as tentações de baixá-lo pela internet, justamente no dia em que o Dylan comemorava 67 anos de vida. O presente foi meu, claro. E digo que mesmo com toda a pequenez da tela, do espaço e das condições em que o filme foi exibido, fiz bem em esperar todo esse tempo para recebê-lo e, por mais que não tenha saído da sala com o entusiasmo que imaginava possível há uns meses, só a versão de Goin’ to Acapulco no belíssimo (e desde já meu preferido) fragmento protagonizado por Richard Gere evocando a época das The Basement Tapes me fez abrir um sorriso dos grandes. Aliás, idiot wind, não sopre contra Woody Allen à essa altura do campeonato, seu último filme, mesmo com toda a precipitação no ato conclusivo, é irregular como a grande maioria das obras do velho e para um cara como eu que não se preocupa com polidez (no sentido de acabamento, claro) ou mesmo com uma suposta precisão estrutural e narrativa herdada do cinema clássico americano, O Sonho de Cassandra foi uma grata surpresa e só não é melhor do que Ponto Final porque nem as boas atuações de Colin Farrell e Ewan McGregor se equiparam à presença magnética de Scarlett Johansson sem blusa na chuva.

E como são necessários mínimos quatro dias no Rio de Janeiro para que o radar ministrado pelo álcool etílico em conjunto com as células cardíacas revire o túmulo de Platão e registre 3 ou 4 paixões de uma noite apenas, voltei para cá mais uma vez com a cabeça parecendo não ter encontrado linhas definidas e retilíneas para se focar, restando então aquele tremido das fotos que nem as mãos do Paulo José conseguem fazer melhor. Acabei, assim, perdendo as oportunidades de assistir Cleópatra e Falsa Loura no circuito carioca, fato esse que na cadeia das mais simpáticas probabilidades só conseguirei confirmar dentro de um tempo indeterminado e que depende dessa vontade latente das duas mudas de roupas na mochila e uma passagem para a capital, no dia em que eu for-me embora. Por ora, continuo a moldar minha ignorância com a capa do livro argentino que não pára de me encarar deitado na estante enquanto o fim do dia chega e eu volto sonolento e de olhos fechados para a balada de um homem magro, raquítico.




 


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