[2:38 AM]

Recomendo a todos a delícia da Carice van Houten, protagonista do espetacular filme do Verhoeven, A Espiã. O cara não pintava nas telas brasileiras há seis anos, desde O Homem Sem Sombra - que eu gosto até certo ponto, depois a trama ganha um rumo que não me agrada o suficiente. Mas, em seu novo filme, Verhoeven aparece em ótima forma, com uma narrativa que emula grandes filmes dos anos 50. A história é muito bem amarrada, há uma inteligência arguta na elaboração das situações, encenadas em ritmo acelerado e com alta sofisticação visual. O filme ganha força por experimentar ao máximo as possibilidades de cada circunstância, seja opondo diferentes personalidades ou grupos ligados diretamente à política de Hitler, através de conflitos internos (em certo momento, a personagem de Carice diz: "Nunca achei que poderia sentir medo por estar livre.") e até mesmo quando investe em reviravoltas, todas elas muito bem projetadas, por sinal.
Lembro bem, quando, aos nove ou dez anos de idade, recém-assinante de HBO, vi pela primeira vez duas mulheres se beijando, na casa da minha vó. E sabemos que duas lindas mulheres se beijando no final de um filme para um moleque de 10 anos é melhor que MegaSena, disparado. A cena estava em Showgirls, de 1995, e eu, naturalmente, mal me importei com a história, o que me interessava ali eram as imagens. A partir desse filme, Gina Gershon e Elizabeth Berkeley estrearam na minha coleção de musas e de lá não saíram. É impressionante o domínio do homem em explorar com a câmera a beleza das mulheres em cena, principalmente essa loira linda aí da foto. É interessante também como o filme bebe no melhor de Hitchcock para que haja o desenvolvimento do terceiro ato, uma inspiração que certamente deixaria o mestre barrigudo orgulhoso. Pensando bem, se juntarmos as peças é fácil perceber o porquê de os momentos de maior inspiração de Verhoeven acontecerem na Holanda. É tão óbvio quanto dois mais dois são quatro.
A Espiã (Zwartboek, Paul Verhoeven /2006)
|