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[10:54 PM]

Começou hoje o evento de cinema mais importante do mundo, o Festival de Cannes, que é também vitrine para os filmes que farão as nossas cabeças a partir do segundo semestre de 2008. A seleção de filmes que concorrem ao prêmio principal esse ano é incrível. Conferi agora há pouco os números da Mega-Sena e infelizmente estou postando aqui mais uma vez, do contrário já estaria marcando presença nas salas do balneário francês, de olhos vidrados na tela. Simplesmente passarão por lá os novos de gente como Clint Eastwood, Philipe Garrel, os irmãos Dardenne (que já levaram duas vezes a menina dos olhos do festival), o china Jia Zhang-ke, Arnaud Desplechin (que só por ter feito aquela seqüência no museu em Reis e Rainha já é dono de muitos méritos), sem contar o novo do Walter Salles Jr. e do (insira muitas exclamações aqui) grande James Gray. Para abrir a competição e, de quebra, concorrer à Palma de Ouro, hoje foi exibido o Ensaio Sobre a Cegueira, do brazuca Fernando Meirelles, o homem que se atreveu a adaptar o difícil e frustrante romance do José Saramago. Lendo as primeiras impressões da crítica, vi que o filme do Meirelles passou longe de ser uma unanimidade, e tenho ressalvas em saber se era a escolha ideal para inaugurar o festival. Aliás, não confio muito nesse papo de palmas ao fim da sessão, acho um termômetro dos mais picaretas e que não valida em absolutamente nada o hipotético potencial ou fracasso de um filme. Quando vi Império dos Sonhos, por exemplo, no último festival do Rio, 10% da platéia que lotava o Espaço Unibanco aplaudiu de maneira feérica a viagem do Lynch, enquanto eu, afundado na poltrona, não conseguia nem abrir a boca direito, quanto mais mexer as mãos. O Ensaio Sobre a Cegueira foi recebido com uma suposta indiferença em sua primeira exibição, hoje, em Cannes. E mais, diante dessa concorrência de peso, que ainda conta com a argentina Lucrecia Martel e seu A Mulher Sem Cabeça (um título que, no mínimo, assusta), penso que as chances para Meirelles se sagrar premiado são ínfimas, quiçá inexistentes. Mas depois do que aconteceu com Tropa de Elite, em Berlim, não coloco minha mão no fogo por mais nada. Ainda em busca da Palma, Cannes conta com a primeira incursão do roteirista Charlie Kaufman por trás das câmeras e com os dois novos filmes do Soderbergh, ambos totalizando quatro horas e traçando um painel sobre o guerrilheiro argentino Che Lynch Guevara (sabiam que o cara é parente do homem?). Muita preguiça de Soderbergh, lembro mais do meu almoço de 3 meses atrás do que do último filme que vi do cara.
Esse cartaz aí em cima, como pode-se perceber, é de 1990, ano em que o júri premiou Coração Selvagem, do Lynch (ó ele aí, de novo), com a Palma de Ouro de melhor filme. Aos interessados em acompanhar os desenlaces e a repercussão do Festival, dois links com impressões de grande valia:
Revista Cinética
Cinemascópio
Como não estaremos lá, em compensação poderemos ver o novo Indiana Jones já no começo da próxima semana, devido à maciça campanha de pré-estréias que o filme vem ganhando em sua estratégia de divulgação. Tenho fé que Spielberg fez um filme à altura do personagem, além do que vai ser ótimo ouvir o tema do John Williams novamente, chicote e chapéu na mão, dessa vez numa sala de cinema. E desde já dou como iniciada a campanha “Samuel Cannes 2009”. Vamo lá, né pessoal, chega de Vitória Cine Vídeo, hehe.
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