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Primeiras impressões sobre Fim dos Tempos, 37 minutos cravados após os créditos finais: não é novidade que Shyamalan continua filmando bem como sempre, obrigado, mas a debilidade de seus roteiros fica explícita a cada nova tentativa de impor uma solução original para um esquema de filme. Nesse caso, há uma ótima trama de horror que acaba sendo minimizada pela necessidade de construir uma história que sirva de conexão entre as cenas de suicídio. Ok, isso pode soar como mera desculpa para que o indiano encene mortes secas e chocantes fazendo jus às linhas que acompanham seu nome, mas talvez estaríamos diante de uma nova obra-prima se o cara tivesse culhões em assumir tal postura inconseqüente e se abstivesse de esquetes que gravitam em torno da importância da família, da união, etc. Toda a força que as seqüências de morbidez corroboram e instauram no andamento do filme (aquela chuva de homens é sensacional) são descartadas quando há uma preocupação em mostrar o romantismo apagado que permeia o casal de protagonistas. Aí não dá. À essa altura do campeonato brincar de incoerente sob a indulgência do filme B não cola. Parecem existir dois caminhos a serem trilhados dentro do filme, dois lados diferentes de uma mesma moeda que precisam se equilibrar para que o acabamento final se dê de forma polida. No âmbito do terror, há uma narrativa que se desenvolve brilhantemente em toda sua climatização, na elaboração das situações, dos confrontos com a realidade do outro filme (as cenas de sustos, a velha, os enforcamentos) e até no uso da trilha sonora, mas quando os dilemas pessoais e de sobrevivência de Mark Wahlberg e família entram em cena a coisa desanda, o tom da história não se sustenta entre a comédia e o suspense e acaba por ficar preso em um local indeterminado, como um pêndulo que oscila para dois lados e não se decide por nenhum. Por enquanto, seu melhor continua sendo A Vila, mas há salvação para o cinema do indiano, graças à armação do desfecho e ao contrário do que este supõe, sendo o mais pessimista de todos seus filmes e o que mais me deixa animado para suas obras futuras. Fim dos Tempos (The Happening, M. Night Shyamalan /2008)
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