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Alguns trechos de Vampiros, de John Carpenter, dublado e picotado numa madrugada carioca de quinta-feira: bastante subestimado, o filme é um exercício de gênero onde Carpenter propõe uma redefinição do universo das criaturas noturnas sem a ambição alegórica que marca, por exemplo, o Drácula do Coppola. Além da habitual eficiência na construção de cenas, onde mais importante que o ato da conclusão é todo o processo que leva ao clímax da ação (herança direta do cinema de Hitchcock), o filme é pontuado por momentos de impressionante força visual: vampiros brotando da terra no meio da estrada, James Woods dando uma bica na mulher enquanto caminham sob o sol pela rodovia, o primeiro ataque do grupo de extermínio ao ninho recém descoberto e o tom seco do diálogo final, uma promessa de afirmação que por pouco não se confunde com a filosofia camarada de um exterminador do futuro - e o figurino só faz aproximar ainda mais os dois ícones (jeans, camisa branca, jaqueta e óculos pretos). Se o tom desmistificador do personagem de Woods alerta para que se “esqueça tudo o que você sabe sobre vampiros”, o vigor e a intensidade criativa desse faroeste às avessas o colocam entre as obras definitivas do cinema de John Carpenter.
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