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Quando os irmãos Perrella anunciaram o Adilson Batista para o comando do Cruzeiro, no início desse ano, abrindo mão do eficiente Dorival Júnior (hoje no Coxa), que tinha garantido o clube na Libertadores 2008, fui um dos primeiros a chiar. O currículo do Adilson não é lá essas coisas, até porque o cara não teve oportunidade de trabalhar em quase nenhum time de relevância. Paraná, talvez. Mas, progressivamente, ele vem provando que é bom técnico. Ousado, moderno, com um esquema de jogo ofensivo, dinâmico, que explora bem a leveza dos jogadores que atuam do meio pra frente. Meio suicida, às vezes, como quando escala o time com 3 volantes ou simplesmente com nenhum atacante. O erro mais comum é o mesmo que acomete pelo menos 95% das comissões de todos os clubes do Brasil (e que fez a grande diferença a favor do Joel em sua última passagem pelo Flamengo): o medo de jogar bola fora de casa. Os times já entram em campo objetivando o empate, o ponto único “que lá na frente poderá fazer toda a diferença”. O Cruzeiro mais uma vez perdeu a grande chance de assumir a ponta do campeonato, na penúltima rodada, contra o Atlético do Paraná, quando resolveu se armar defensivamente, sacando o Wagner do meio e metendo o Fernandinho para formar dupla com Ramires e servir o Thiago Ribeiro e o Guilherme, que ultimamente vem jogando mais recuado e pelo meio, buscando jogo e fazendo a diferença (vide a aula de bola do cara ontem, contra o Grêmio). Foi uma formação muito esquisita, Ramires subindo o tempo todo, não se entendendo em nenhum momento com o estilo do Fernandinho, enquanto o Guilherme descia para buscar jogo e não encontrava parceiro para passar a bola. Resultado: mesmo superior, o Cruzeiro perdeu o jogo e continuou na terceira posição.
Aí ontem, Mineirão lotado, volta o Wagner para o meio de campo, e com 15 segundos de jogo, 1x0 Cruzeiro. 15 segundos que destruíram toda uma tática de 90 minutos. Adilson sabe que time tem que jogar pra frente, buscar um jogo que visa a exploração da qualidade técnica de seus jogadores em relação à defasagem da equipe adversária, sem medo. O ditado é velho mas válido: “em time que tá ganhando não se mexe”. Era o duelo entre o 3° da tabela e o penúltimo, praticamente rodada bônus – agora, caso o Cruzeiro não alcance o título, não me resta dúvidas de que o campeonato foi perdido ali, por pura cautela e policiamento equivocado (e com o adicional de uma expulsão inesperada, logo no início do jogo). Contra o Goiás, no Serra Dourada, domingo, eu espero que o time mostre serviço e faça jus ao seu potencial com um resultado positivo, mesmo achando que a vitória seja improvável, ainda mais com o Ramires suspenso. O campeonato, a essa altura, infelizmente tá mais para o São Paulo do que para qualquer outro time. Tomara que eu esteja errado e que a arbitragem nos livre de mais um Lyon, pelo bem do nosso futebol (e da nossa virilidade, vamos lá).
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