[3:00 PM]

Consegui.
Não sei o que aconteceu: se foi a cidra de maçã que eu bebi na virada do ano, na casa da Tamara; ou a moeda que eu dei pro cara que toca "Asa Branca" no violino, em frente a livraria; se foram as cervejas que eu paguei pra desconhecidos falastrões no boteco ou se foi a ligação que eu fiz pra minha vó no primeiro dia do ano, mas 2009 tá me fazendo tão bem que eu tô pensando seriamente em sacrificar uma virgem evangélica na floresta da Tijuca como forma de agradecimento aos deuses mineiros. Cidade, casa e emprego, tudo tão novo, tão diferente e igualmente tão excitante, que a única peça em falta no quebra-cabeça louco da minha vida começa a aparecer lentamente, ainda meio enevoada, na penumbra, como um legítimo fantasma da eletricidade. Mas eu não tenho pressa.
E agora, no meio de tantas mulheres, tá ali meu nome, firme e forte, como forma de sedimentar essa atitude meio suicida (como todas as escolhas difícies - pensem em Sofia, coitada) de largar tudo e virar outro, um que eu nem sei quem é, e que dificilmente você vai reconhecer quando passar por você.
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