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Sutil e ameaçador, John Carpenter traz o mal para a luz do dia e desenha movimentos de retração na cena mais foda de Halloween: Jamie Lee Curtis caminha pela calçada com a amiga na tarde do último dia de outubro e percebe que está sendo observada de frente pelo psicótico mascarado do filme. Sem impulsos, cortes abruptos ou sustos fáceis, o medo vai às ruas sob o Sol vespertino e, como um vírus que se alastra pelas veias do corpo, percorre as ruas da cidade infectando todo um ambiente planificado para mostrar a imperatividade do mal, que não precisa de motivos, explicações ou qualquer tipo de justificativa para existir. Não há como lutar contra a natureza humana, e Carpenter cospe Hitchcock para inverter uma estrutura já trabalhada por ele em Assalto à 13ª DP e acaba assim reverberando mais longe, em Hawks e Romero, para desaguar num cinema vigoroso que atravessa o plano da reconfiguração de idéias. Criar um gênero implodindo diversos outros não é nada fácil, sobreviver ao tempo conservando a energia inebriante da referência aliada ao instinto de rebeldia é mais difícil ainda, mas o cara conseguiu. Subversão e genialidade é isso aí, por $10 nas Lojas Americanas mais perto de você.
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