qualquer coisa
num verso intitulado mal secreto
 

18.3.09


[2:32 PM]

“Eu sei que você não agüenta mais me ouvir, Melanctha, mas veja, comigo é assim. Sempre. Você se lembra do que eu lhe disse, quando ainda não nos conhecíamos tanto, de como eu conhecia apenas dois tipos de amor, um familiar e o outro animal, e de como eu não gostava desse último? Sabe, Melanctha, comigo é assim. Aprendi um sentimento novo com você, que é como uma nova religião, e vejo que o amor deve ser desse jeito: dividir tudo com alguém, descobrir novas sensações, coisas que antes eu julgava más, como que para formar um só sentimento. É assim que você me faz ver o mundo; eu não sabia que todos os tipos de sentimento se juntavam para formar um só amor de verdade. Às vezes sinto isso do jeito que você me ensinou, e nesses momentos amo você, Melanctha, com se tivesse encontrado uma nova religião, mas depois percebo que não sei nada sobre você, minha querida, e percebo de repente que eu talvez esteja errado de pensar desse jeito tão amável, descartando minhas velhas idéias sobre o tipo de vida correto para nós, as pessoas de cor, e então penso, Melanctha, que você é uma pessoa má, e penso que estou agindo assim por estar ansioso para experimentar todas as excitações, como não fazia antes, e nesses momentos não posso evitar de ficar bravo com você, pois se pretendo agir corretamente, tenho que fazer as coisas direito. Eu queria agir de forma correta, é a única forma que conheço, e não vejo meio de saber o que é melhor: se o meu pensamento antigo ou o novo jeito de ser, que você faz parecer tão religioso. Não sei qual é a forma certa de pensar, e por isso fico tão triste de lhe causar tantos problemas e machucar você dessa forma. Será que você não poderia me ajudar, Melanctha, a fazer o que é certo, de modo que eu saiba exatamente como devo agir? Nunca quis ser covarde – se ao menos soubesse com certeza qual é a forma correta de agir. Será que você não poderia me ajudar a encontrar o que é verdadeiro, Melanctha querida? Sempre quis saber como agir.”


Três Vidas, Gertrude Stein



 


é isso aí, bicho

 

 


[ eu ]

samuel lobo
24
brasil
 


[ leio ]

caderno do cinema
filmes do chico
mesmas letras
trabalho sujo
chip hazard
superoito
passarim
 
[ visito ]

cinética
ilustrada
cinema em cena
IMDb
 
[ estante ]

last.fm
twitter
rym
mail
 
[ arquivos ]

novembro 2005 maio 2006 agosto 2006 setembro 2006 outubro 2006 novembro 2006 janeiro 2007 fevereiro 2007 março 2007 abril 2007 maio 2007 junho 2007 julho 2007 agosto 2007 setembro 2007 outubro 2007 novembro 2007 dezembro 2007 janeiro 2008 fevereiro 2008 março 2008 abril 2008 maio 2008 junho 2008 julho 2008 agosto 2008 setembro 2008 outubro 2008 novembro 2008 dezembro 2008 janeiro 2009 fevereiro 2009 março 2009 abril 2009 maio 2009 junho 2009 julho 2009 agosto 2009 setembro 2009 outubro 2009 dezembro 2009 janeiro 2010 fevereiro 2010 março 2010 abril 2010 maio 2010 junho 2010 julho 2010 agosto 2010 setembro 2010 novembro 2010 janeiro 2011 fevereiro 2011 março 2011 abril 2011 maio 2011 junho 2011 julho 2011 agosto 2011 setembro 2011 outubro 2011 dezembro 2011 janeiro 2012 junho 2012