qualquer coisa
num verso intitulado mal secreto
 

23.1.10


[3:28 PM]

Um barato o novo show do Gilberto Gil registrado em DVD, o Bandadois, que usa um formato mais intimista, só voz e violões (Gil toca acompanhado do filho, Bem). O cenário é gélido, minimalista metálico e distante da plateia, sem calor, algo impessoal, e a voz do cara está cansada, não aguenta mais os decibéis extraordinários do falsete de Filhos de Gandhi, por exemplo. Quem se importa? Com sua habitual dose de carisma, basta entrar em cena para desmontar qualquer barreira que um terno preto impõe e transformar tudo em sorrisos e melodia. O repertório é aquela coisa, dá pra ir tranquilamente passar os dias de exílio na ilha de Santa Helena só ouvindo essas canções: Esotérico, Lamento Sertanejo (música de todos nós, Macabeus e Macabéas), Flora, Expresso 2222, O Rouxinol, Metáfora, uma linda interpretação a quatro mãos de Superhomem – a canção, A Linha e o Linho, Refavela, Pronto pra Preto, e uma belíssima, talvez a mais surpreendente do concerto, que permaneceu inédita até surgir agora na minha vida, depois de tanto tempo de toada, que se chama Das Duas, Uma. Descobrir uma canção é fazer um novo amigo, é ter a certeza de boa companhia para todo o resto da estrada, long and winding road, trazendo sílabas para o conforto do perto e do lado nos dias de ônibus ou numa andada pelo centro da cidade... e sempre. A letra fala sobre um amor que se inicia, ou que pretende se expandir através da confirmação da união através de um laço mais apertado - ao final, Gil dedica a música ao casamento da filha Maria. Confesso que não esperava que esse brilho de autêntica simplicidade poética ainda fosse capaz de jorrar da fonte do mestre, e foi preciso ouvi-la durante toda a madrugada para deixar de ser atrevido e nunca mais subestimar quem ainda me emociona.

Das duas, uma

Das duas, uma
Ou será pluma
Ou será pedra e pesará
Se forem hábeis e sábios e sãos
Serão amáveis e tempo terão
Pra fazer da vida a dois
Dois chumaços de algodão
E os frágeis cristais
Das aventuras
Encontrarão proteção e, quem sabe, quebrarão jamais.

Se porventura
A vida dura
Lhes for madrasta e voraz
Sejam capazes, audazes e bons
Façam das pazes noturnos bombons
E os percalços naturais
Farão parte da canção
Serão tropeços
E recomeços
Um a cada vez, cada mês
E vocês se acostumarão




 


é isso aí, bicho

 

 


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