[1:02 AM]
A descoberta de um caminho: A Margem desafia a lógica e o equilíbrio para encontrar um novo olhar. Momento de renovação, o primeiro parto do cinema marginal brasileiro se dá num fluxo polifônico que ruma para a fatalidade respirando vida. É isso! Candeias não grita, precede a histeria bandida e consome o velho pelo silêncio (o silêncio que antecede o esporro); a realidade é torta, pungente, mas também misteriosa, sublime. E seu filme quer a todo instante acenar para as vidas pulsantes fora dos centros, nas bordas da sociedade. A ruptura através da forma - só assim é possível. Flaubert, numa mesa de bar tomando conhaque (ou numa escrivaninha de madeira de demolição), escreveu que da forma nasce a ideia. Um corpo que não respeita a ordem. A radicalização enquanto existência. A Margem não quer as estradas, mas os atalhos. E desbrava caminhos atravessando espinhos e encarando de frente: seu olho me olha, mas não me pode alcançar.
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