[1:23 AM]
“Sou mestre na arte de falar em silêncio, passei minha vida toda conversando em silêncio e em silêncio acabei vivendo tragédias inteiras comigo mesmo. Oh, pois eu também era infeliz! Fui desprezado por todos, desprezado e esquecido, e ninguém, absolutamente ninguém sabe disso! E depois, de repente, vem essa garota de dezesseis anos, pega de gente infame detalhes sobre a minha vida e pensa que sabe tudo, enquanto o que é secreto continua encerrado no peito deste homem! Eu me calava o tempo todo, e principalmente, e principalmente com ela eu me calava, até ontem mesmo. Por que me calava? Mas que homem orgulhoso! Queria que ela ficasse sabendo por si, sem mim, mas também não pela boca de canalhas, queria que ela própria adivinhasse quem é este homem (...)”
Uma criatura dócil. Fiódor Dostoiévski, 1876
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